Diferentes olhares sobre os "objectos científicos"

 Como a ciência, a produção artística alimenta-se da curiosidade e da necessidade de inovação. De facto, ambas as práticas assentam no conhecimento, na investigação, criatividade e imaginação. O diálogo entre a arte e a ciência tem um papel de linguagem social contribuindo para a auto reflexão na nossa sociedade. Neste projecto propomo-nos fazer uma reflexão sobre a interacção entre a experimentação artística e a prática da ciência. Para isto, o trabalho irá decorrer principalmente em ambiente laboratorial, usando materiais de laboratório e artísticos.

Testes em Agár

Serão construídas peças que mimetizam “objectos científicos” mas que não pertencem a esse domínio. Por exemplo, serão usadas placas de Petri e resina de poliéster corada para recriar colónias de microrganismos e serão feitas colagens de telas pintadas com sequências de ADN em placas de Petri. Estas montagens serão realizadas numa câmara de fluxo laminar. Numa segunda fase que designaria por fase analítica, pretende-se explorar as diferentes percepções que se estabelecem ao olharmos para um mesmo “objecto científico”. Para isto, a preparação dos objectos será filmada em vídeo e/ou fotografada. Estas fotografias e/ou vídeos vão funcionar como um segundo olhar sobre a primeira intervenção.

Testes em Agár

Finalmente, os objectos e o trabalho fotográfico e/ou videográfico serão mostrados a pessoas das áreas científica e artística e serão escritos pequenos textos acerca do que viram. Estes textos irão funcionar como um terceiro olhar sobre o que foi realizado. No fim do projecto será realizada uma exposição onde se incluirão os objectos construídos bem como as fotografias e/ou vídeos. Os “objectos científicos” serão expostos na forma de instalação; as placas de petri serão instaladas numa câmara de fluxo laminar (peça intitulada “Displacement”), de modo a transportar uma “parte” do laboratório para um ambiente que não lhe pertence, o espaço das exposições artísticas. Essa deslocalização do ambiente laboratorial irá funcionar como um modo de desmistificação do que é o campo de trabalho dos cientistas. Os textos produzidos serão o guião da exposição. 

Testes em Agár

Fase de teste 

Numa primeira fase foram as condições fotográficas e de construção das peças definitivas a serem construídas posteriormente. Tal como num ensaio científico num laboratório, utilizou-se material de vidro (provetas, erlenmeyers, caixas de Petri), vulgares micropipetas com as respectivas pontas e agár. Utilizaram-se acrílicos para a cor. Em virtude da utilização do agár, um polissacárido tipicamente utilizado em microbiologia para culturas sólidas de bactérias e fungos, as peças degradar-se-ão com o tempo. Todas as peças foram descartadas após o ensaio.

Testes em Agár

Fase de Concretização  

Desta vez o agár foi substituido por resina de poliester.

Materiais e reagentes utilizados: material de vidro do laboratório, micropipetas e pontas, acrílicos, resina de poliester, etanol, água.

As fotografias tiradas à realização de uma série de peças fazem parte da concretização do projecto “ diferentes olhares sobre os objectos científicos”.

um “atelier” no ITQB

construção de coluna de purificação de proteínas

um novo microrganismo

pintura sobre tela coberta com resina

nova espécie pintada por identificar

cultura mista

detalhes da pintura de novas espécies

...

pintura em suporte de resina sobre placa de petri

pormenor de pinturas em suporte de resina sobre placa de petri

fotografia de um gel de proteínas, imobilizada em resina

pormenor de pinturas em suporte de resina sobre placa de petri